Une personne formidable

As pasteleiras tugas

A fingir que somos corredoras

Duas miúdas felizes com os novos brinquedos

Hoje foi um dia memorável, daqueles que devo recordar para a vida e contar aos meus netos daqui por 50 anos. Esta manhã, saí de casa para tomar um café domingueiro no meu querido café Belga com a amiga Mariana. Mas a Mariana, que se esqueceu de mudar a hora, não acordou e então fiz um passeio matinal (com corrida) pelo meu bairro preferido de Bruxelas. Entretanto chega a Mariana totalmente decidida a comprar uma bela pasteleira como a minha. Rumámos até ao mercado a pé debaixo de chuva e, uma vez lá, vislumbro a bicicleta dos sonhos da Mariana. Ela compra a bicicleta e eu digo ao vendedor que a minha bicicleta não trava, que as luzes não funcionam e que tem muita ferrugem, com aquele beicinho de menina que precisa de ajuda. Ele diz-nos para irmos até à oficina dele durante a tarde para ele dar um jeito nas pasteleiras. Voltámos debaixo de chuva e com uma bicicleta debaixo do braço até ao Belga para um chocolate quente. Restabelecidas da manhã de deambulação citadina, montámos nas bicicletas para, pela primeira vez, nos aventurarmos no centro de Bruxelas, que sobe e desce. Depois de muitas voltas e kilómetros percebemos que a casa do senhor era bem longe, em Anderlecht (a cidade do clube de futebol). Chegámos lá, o senhor apresenta-nos a família e oferece-nos chá enquanto esperamos que ele faça as reparações necessárias. É uma família de kosovares que está há 9 anos na Bélgica. Ele é um antigo engenheiro, agora convertido em mecânico de bicicletas e ciclista. Durante três horas reparou os meus travões, substitui o dínamo, tirou toda a ferrugem, pôs óleo. Só me cobrou o material que substituiu, ofereceu-me a mão-de-obra e vai fazer-me mais arranjos gratuitos em breve. Tudo isto no francês mais rudimentar que alguma vez ouvi. É uma daquelas pessoas que já não existem, que talvez só se encontrem numa daquelas aldeias perdidas dos países rurais. Definitivamente gostei daquele homem, com quem estabelecemos uma relação mercantil tão humana...